O papel da apuração jornalística nas eleições 2024 foi o tema discutido no programa ‘Contraplano’ desta terça-feira (17), na TV Assembleia. Os convidados foram os jornalistas Gilberto Léda e Diego Emir, ambos blogueiros com dedicação especializada à cobertura da área política.
Em mais uma edição especial voltada ao período eleitoral, o programa teve apresentação dos jornalistas João Carvalho e Glaucione Pedrozo, diretora adjunta de Comunicação da Assembleia. Entre os assuntos tratados, estão como o jornalismo pode contribuir para uma eleição mais justa e informada; e quando a mídia pode ser uma ameaça e quando ela é ameaçada dentro do universo político.
Diego Emir destacou que, em tempos de redes sociais e fake news, o trabalho da imprensa é primordial.
“O papel do jornalista é fundamental, ainda mais neste período, porque nós não vamos conversar apenas com uma fonte. Nós vamos conversar com a, com b. E aqui, a gente nem vai entrar no discurso da imparcialidade, mas sim da neutralidade, garantir que todos os lados, todas aquelas pessoas que estão interessadas no processo sejam consultadas, inclusive a população”, ressaltou Diego Emir.
Gilberto Léda assinalou que o trabalho do jornalista político começa bem antes das eleições, que são o ápice de todo o processo.
“Esse trabalho com as fontes, a rede de informantes que a gente tem, ela é criada, na verdade, ao longo da vida profissional para, em momentos como esse, você ter acesso ao maior número de informações possível para apresentar um trabalho que favoreça a população”, observou.
Velocidade
Os jornalistas, que vieram da escola do jornal impresso, também falaram das diferenças experimentadas nos veículos online. “A velocidade é a principal característica da internet, não só de blog, de qualquer tipo de comunicação que seja feita pela internet ou rede social”, afirmou Léda. “O trabalho de apuração ficou muito mais difícil. Por quê? Porque a possibilidade de você ser enganado, ser induzido a erro por uma fake news é muito grande hoje”.
E Gilberto Léda sentenciou: “Blogues de jornalistas que são conceituados certamente são procurados quando existe alguma informação que a população de alguma forma tende a não acreditar, porque eles vão procurar uma fonte confiável”.
Diego Emir ressaltou o caráter instantâneo da notícia na internet. “A diferença do blog é que a gente pode dar a informação instantaneamente, ficar alimentando de segundo a segundo”, observou.
Os dois blogueiros também revelaram não ler muito os comentários dos leitores, para preservar a saúde mental e por reconhecer que, em sua grande maioria, são de pessoas que só querem disseminar o ódio.
“Concordo plenamente com Gilberto, também não leio e recomendo que, quem não tem a capacidade de filtrar, ou pelo menos queira ter uma estabilidade emocional, não faça isso. Porque quantas vezes eu já fui viúva de Sarney, já fui viúva de Flávio Dino. Infelizmente, as pessoas são levadas pelas paixões, por preceitos mesmo que você internaliza. Ou então, às vezes, você teve um mal dia e quer descontar em qualquer pessoa”, afirmou Emir.