Eliziane defende ministra de Lula, ignora Mical e expõe racha entre evangélicos

No Encontro das Legisladoras, Eliziane silencia sobre ataque a Mical e gera desconforto entre evangélicas

Em um auditório repleto de mulheres parlamentares de várias regiões do Maranhão, o clima era de empoderamento e protagonismo feminino. Mas bastou o microfone passar para a senadora Eliziane Gama (PSD) para que o silêncio — e não a sororidade — roubasse a cena.

Durante o 1º Encontro de Mulheres Legisladoras, realizado nesta quinta-feira (29) na Assembleia Legislativa, Eliziane fez questão de defender, com veemência, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alvo recente de ataques misóginos em audiência no Senado. Uma fala pertinente e necessária — mas, ao mesmo tempo, seletiva.

Presente no mesmo evento, a deputada estadual Mical Damasceno (PSD) — também evangélica, colega de partido e parlamentar maranhense — foi completamente ignorada pela senadora, mesmo após ter sido alvo de comentários sexistas e insultos de baixo calão atribuídos ao vice-governador Felipe Camarão (PT).

A ausência de qualquer gesto público de apoio ou menção ao episódio envolvendo Mical foi sentida. E comentada. Para muitos nos bastidores, o silêncio de Eliziane beirou o constrangimento político e contradisse o espírito do próprio evento, voltado ao fortalecimento das mulheres no Legislativo.

Além disso, chamou atenção o fato de Eliziane e Mical sequer se cumprimentarem, mesmo dividindo o mesmo espaço. Um detalhe simbólico — e barulhento — para quem defende diálogo, respeito e unidade entre as mulheres na política.

A escolha de Eliziane em ignorar o episódio repercute especialmente no meio evangélico, onde ambas têm forte representatividade. Ao silenciar diante do ataque sofrido por Mical, a senadora acabou alimentando a leitura de que sua atuação pública é regida mais pela conveniência ideológica do que pela coerência entre gênero, fé e respeito institucional.

Enquanto Marina Silva recebeu a solidariedade merecida, a ausência de qualquer palavra em defesa de Mical, no chão da Assembleia onde ela atua, soou como uma omissão calculada — e custosa. O evento, que tinha tudo para fortalecer pontes entre lideranças femininas, terminou expondo rachaduras entre as evangélicas mais influentes da política maranhense.

Se a pauta era “sororidade”, ficou faltando coragem para aplicá-la com isonomia.

Fala na íntegra de Eliziane:

Tentando calar a voz de uma das mulheres mais respeitadas do mundo afora. Lá, a voz dela e a minha voz foram as únicas lá para fazer a defesa para que ela permanecesse no ar e forte. Hoje a gente vê uma verdadeira rede nacional se juntando para dizer nós estamos aqui e ninguém vai calar a nossa voz. Este é o nosso lugar O lugar da mulher é onde ela quer estar Onde ela deseja estar Onde ela precisa estar E o nosso lugar é aqui Na Assembleia Legislativa do Maranhão Na Câmara Municipal Na Câmara Federal No Senado Federal No Governo do Estado Nas Prefeituras Municipais Ou seja, nos espaços de poder Este é o nosso espaço Há 90 anos atrás Nós iniciamos essa trajetória E ninguém irá nos calar Ninguém irá interromper Porque essa voz que se iniciou Esse grito que se iniciou Hoje é um coro Hoje é uma verdadeira voz Um coral brasileiro Que grita em todos os cantos desse país Para que a mulher de fato possa ter o seu espaço Ter as suas garantias Ter o seu protagonismo E gritarmos fora a misoginia Fora o machismo Fora todos aqueles que tentam realmente nos barrar Mas eles não conseguirão.

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