Criatura vs Criador: o embate entre Flávio Dino e Roberto pelo Senado

Não há administração pública que seja 100% ineficiente nem que seja 100% eficiente. Todo político é bom político e maquiavélico.

Roberto Rocha, um político da elite ou um visionário mal compreendido?

Roberto Rocha foi vice-prefeito de São Luís, na gestão de Edivaldo Holanda Júnior. Logo nos primeiros anos, a gestão de Holandinha foi considerada, como uma das menos eficientes das últimas décadas. Rocha renunciou ao cargo de vice e foi para um projeto mais ousado: o Senado. Com sucesso. Mas o senador eleito rompeu logo no primeiro ano com o ex-governador Flávio Dino, que lhe deu, em 2014, uma vitória que se desenhava para ser de Gastão Vieira. Os motivos do rompimento são controversos e muito pessoais. Mas podemos começar a dizer que foram de ordem ideológicas. Como senador, Roberto Rocha manteve um excelente diálogo com o presidente Jair Bolsonaro. Venhamos e convenhamos Roberto Rocha foi o maior “colocador” de emendas nesse Maranhão. Mas o bem quando se faz parece não é divulgado. Ele tem uma visão muito futurista para o nosso Estado. Mas não alavancou sua aceitação popular. Agora, para garantir sua reeleição, ele se alia a Weverton Rocha, carga pesada. Ele sempre consegue ter um diálogo manso com a classe política. Ele tem visão, mas não desperta na juventude aceitação espontânea.

Flávio Dino e a ideia do novo de novo convence?

Flávio Dino possui uma convicção ideológica muito forte, ao contrário do seu sucessor, Carlos Brandão. Tem ê teve pulso para manter suas decisões e ideologias, sem que ninguém interferisse quando ele batia o martelo. Admirável, mas os seus interesses ideológicos, somados a um excesso nas manifestações contra seu principal adversário nacional, o presidente Jair Bolsonaro, prejudicaram bastante o desenvolvimento do  Maranhão e reduziram um homem inteligente a “picuinhas de Twitters”. Jamais poderia colocar esses ideais acima do Estado.

Dino foi um governador que não trouxe absolutamente nenhuma novidade. Disputou , em 2014 as eleições majoritárias com Lobão Filho, mas ali, devido ao desgaste do sarneisismo, ao cansaço do povo com esse grupo que mandou no Maranhão durante quase cinco décadas, era óbvio que qualquer político de oposição ganharia as eleições, sem maiores esforços.

O que Dino nos ensinou com sua eleição foi que as redes sociais, os blogs, portais já estavam em ascensão, e que esse era o melhor método de investimento para quem quisesse alcançar e falar com a massa. O barulho da galera do PCdoB, começou a criar um clima de que era hora de tirar a “Oligarquia Sarney” do poder. E esse foi o argumento, esse foi o momento em que o povo preferiu apostar no novo; tanto, que o “novo” se reelegeu em 2018. Flávio inspirou jovens empolgados com sua retórica impecável, e por ser um ótimo constitucionalista. Mas a sua inteligência com o direito, a filosofia, acredito, fechou o governador eleito para a manutenção de um bom relacionamento com a classe política. Hoje ele necessita do presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão para criar uma proximidade com a classe política.

O Flávio não está mais no poder, fez grandes adversários políticos, foi incapaz de exercer a liderança e manter seu grupo unido, enquanto exerceu o mandato de governador. E agora o que será do Flávio Dino? Será senador? De uma coisa tenho certeza: ele será sempre um ex-governador que, romanticamente, a história poderá citar como quem derrotou uma oligarquia.

Criatura vs Criador

Será uma disputa para o senado federal bem interessante. Ambos foram aliados na eleição que tornou Roberto Rocha senador. A figura do Flávio, a ideia vendida por ele, de que o novo era seguro, acabou levando Roberto nas asas, ou debaixo das, tornando-o vitorioso.

Agora teremos a disputa do criador contra a criatura. Tudo indica, até pela larga vantagem que tem hoje, a dois meses da eleição, que o criador levará a melhor. Mas a criatura espera reverter esse quadro. Impossível? Aguardemos.

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